O Ceará e a vitória sobre a extrema pobreza
Quando o estado estende a mão: Programas como Ceará Sem Fome, Cartão Mais Infância e o novo Bolsa Família estão no centro da mudança

Por Franzé de Sousa
No Brasil de tantas desigualdades históricas, é raro poder celebrar uma vitória concreta contra a miséria. Mas o Ceará, em 2024, nos ofereceu uma dessas raras alegrias: a taxa de extrema pobreza caiu para 7,9%, o menor índice desde que o IBGE iniciou a série histórica da Pnad Contínua, em 2012. Mais de 135 mil cearenses deixaram a condição de miséria apenas no último ano. Um dado que fala por si — e fala alto.
Não se trata de acaso, nem de milagre. Trata-se de política pública. De decisões conscientes e prioritárias tomadas por gestores comprometidos com quem mais precisa. Os governos de Elmano de Freitas, no Ceará, e de Luiz Inácio Lula da Silva, no plano federal, entenderam que combater a fome, a desigualdade e a exclusão não é uma questão de caridade — é dever de Estado. E é essa postura que começa a transformar a vida de milhares de famílias.
O programa Ceará Sem Fome talvez seja o maior símbolo dessa mudança. Ao garantir R$ 300 mensais em cartões alimentação, ao montar uma rede com mais de 1.300 cozinhas comunitárias e ao promover ações de solidariedade em todo o estado, o governo cearense devolve às pessoas algo muito básico e ao mesmo tempo tão precioso: o direito de se alimentar com dignidade.
Mas o combate à pobreza não para na alimentação. O Cartão Mais Infância, com seus R$ 100 mensais para famílias com crianças pequenas, e o Vale Gás Social, que garante o preparo da comida em casa, são estratégias sensíveis, eficazes e direcionadas às realidades específicas dos mais vulneráveis.
Em nível nacional, o novo Bolsa Família veio para somar. Reestruturado e fortalecido, o programa passou a oferecer repasses maiores, bônus por filhos, acompanhamento educacional e de saúde, gerando não apenas assistência, mas um ciclo de proteção social real.
É preciso dizer com todas as letras: esses programas funcionam. Eles salvam vidas, resgatam a dignidade, movimentam a economia local e oferecem oportunidade a quem nunca teve. E mais: são sustentáveis. Cada real investido em transferência de renda retorna ao Estado em forma de consumo, arrecadação e desenvolvimento humano.
Por isso, é fundamental romper com o discurso elitista que demoniza os programas sociais como "assistencialismo". Não há nada mais transformador que um prato de comida na mesa, um botijão de gás aceso, uma criança bem alimentada indo para a escola. Isso não é esmola. É justiça social.
A redução da extrema pobreza no Ceará não é o fim da luta — é o começo de uma nova caminhada. Ainda há muito a ser feito. A fome não acabou, a desigualdade persiste, e o abismo social ainda separa ricos e pobres em um país onde poucos têm muito e muitos têm quase nada.
Mas o exemplo do Ceará nos mostra que quando o Estado decide cuidar — e não punir —, quando investe no povo e não apenas em planilhas, é possível mudar o rumo da história. E esse rumo deve ser mantido, fortalecido, ampliado.
Porque pobreza não é destino. É o resultado da forma como o Estado organiza suas prioridades. E quando a prioridade é o ser humano, a sociedade ganha.