O garimpo ilegal e a saúde do povo Yanomami
Infelizmente, a história dos Yanomami é marcada por muito sofrimento e opressão a partir da primeira metade do século XIX, após colonização das regiões do alto Orinoco e dos rios Negro e Branco, na segunda metade do século XVIII. Os Yanomami tiveram que enfrentar a invasão de suas terras por colonos e mineradores, que os expulsaram de suas aldeias e destruíram suas florestas. Com a chegada dos invasores, a saúde e a sobrevivência dos Yanomami foram gravemente afetadas pelas doenças trazidas e pela exposição a metais pesados e outros poluentes.
Hoje, os Yanomami ainda enfrentam desafios para preservar sua cultura e meio ambiente. O avanço da mineração ilegal e a construção de hidrelétricas continuam a ameaçar suas terras e recursos naturais. Além disso, os Yanomami ainda sofre com a falta de proteção e respeito por parte das autoridades, além de serem marginalizados e discriminados pela sociedade .
A população enfrenta constantes desafios em sua luta por proteção de direitos e preservação de sua cultura e tradições. Muitos deles vivem em áreas remotas da Amazônia, onde enfrentam ameaças como desmatamento, exploração mineral e madeireira, além de conflitos com atividades agrícolas e pecuárias.
Governo Bolsonaro e a crise humanitária nas Terras Indígena Yanomâmi
A intensificação do garimpo em terras Yanomami durante o governo Bolsonaro agravou ainda mais a situação da população com a disseminação de doenças como a malária, bem como a violência e a exploração. O modo de vida tradicional da comunidade tem sido ameaçado pelo desmatamento, mineração e outras formas de extração de recursos.
Durante seu governo, Bolsonaro adotou políticas que afetaram a comunidade Yanomami, incluindo a ampliação da exploração de recursos naturais em terras indígenas e a diminuição da proteção ambiental e dos direitos dos povos originários. Isso tem levado a conflitos entre a comunidade Yanomami e empresas de mineração, além de prejudicar a saúde e o modo de vida dos membros da comunidade. Algumas organizações e grupos de defesa dos direitos indígenas têm lutado contra essas políticas e em favor da proteção dos direitos e da terra Yanomami.
O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente, destaca que os Yanomamis tentam denunciar há muito tempo a falta de assistência e de invasões de garimpeiros ilegais às terras desse povo: "Verificamos que, nos últimos quatro anos do governo Bolsonaro, nós tivemos cada vez mais evidentes os exemplos de uma completa falta de política de assistência social. Essas denúncias dos Yanomamis ganham destaque, mas é importante relatar que eles já vêm tentando denunciar toda essa situação há um bom tempo".
Desde que assumiu o poder Bolsonaro não mostrou interesse em ajudar àquela comunidade indígena. Pelo contrário, o ex-capitão do Exército sempre trabalhou contra os povos indígenas - especialmente contra o povo Yanomami. Durante sua passagem pelo parlamento o então deputado atuou incansavelmente pela extinção da etnia. Em 1992, ele apresentou um decreto legislativo que previa a extinção da reserva Yanomami, que tinha sido demarcada no ano anterior. O projeto foi arquivado, mas Bolsonaro tentou emplacá-lo em outras quatro oportunidades.
A ascensão do bolsonarismo ao poder incentivou ainda mais a exploração dos recursos naturais e a consequente perda das terras e fontes de subsistência do povo Yanomami. A falta de interesse do ex-presidente pela causa indígena, juntamente com a falta de apoio e recursos para sua proteção, tem colocado em risco a sobrevivência da comunidade Yanomami e sua cultura milenar.
Em recente entrevista ao site de notícias Brasil de Fato (BdF) a presidente indígena da Funai, Joênia Wapichana, relatou que ao visitar a Roraima encontrou uma situação calamitosa na saúde indígena, herança de "muita negligência do governo de Jair Bolsonaro (PL)". Disse ainda que "os altos índices de mortes por doenças tratáveis indicam que houve omissão por parte do ex-presidente".
Mineração nas terras indígenas

O garimpo ilegal no Brasil é um problema generalizado e persistente que tem sérios impactos ambientais e sociais. A floresta amazônica, que abriga muitas comunidades indígenas, é particularmente vulnerável aos efeitos da mineração. Os mineiros costumam usar grandes quantidades de mercúrio para extrair ouro do solo e dos cursos d'água, o que contamina os rios e o solo e pode levar a sérios problemas de saúde para a população local e ao meio ambiente.
Além da degradação ambiental, a mineração ilegal também alimenta conflitos e violência. Sabe-se que os mineiros atacam comunidades indígenas, se envolvem em desmatamento ilegal, tráfico humano e outras formas de exploração. De acordo com representantes das comunidades indígenas, o último governo não tomou as medidas necessárias para resolver o problema, como reprimir os mineiros ilegais e implementar regulamentos mais rigorosos.
A situação torna-se mais complicada pelo fato de a mineração ilegal ser controlada por sindicatos do crime organizado, que têm raízes profundas na região e recursos significativos à sua disposição. Lidar com a questão exigirá uma abordagem multifacetada que inclua maior fiscalização, apoio ao desenvolvimento sustentável e maior envolvimento com as comunidades indígenas para garantir que seus direitos e necessidades sejam respeitados.
É importante destacar a necessidade de se tomar medidas eficazes para garantir a proteção dos direitos dos povos indígenas, incluindo o direito à terra e à preservação de sua cultura e modos de vida. A luta por justiça e proteção para os Yanomami é uma questão urgente e relevante, e requer a atenção e ação imediata da sociedade e do Estado.